Reciclar não é a resposta, e sim o último recurso
Milhões de aparelhos atingem o fim de suas vidas a cada ano. Reciclá-los não é tão eficaz quanto você imagina.
57% de perda
A maioria dos materiais reciclados é perdida no processo. Dos 13,8 bilhões de kg de lixo eletrônico coletados a cada ano, perdemos 7,8 bilhões de kg de material (incluindo 1 bilhão de kg de metal).
17 terras-raras
Em cada um dos dispositivos eletrônicos que você compra estão presentes elementos de terras raras. A reciclagem atende apenas a 1% da demanda por eles.
1.150 lâmpadas
Seu smartphone consome durante a fabricação energia suficiente para alimentar 1.150 lâmpadas de 60 watts por uma hora — perde-se essa energia ao triturá-lo.
0 smartphones
Esse é o número de smartphones fabricados com materiais 100% reciclados. Não é possível fabricar um smartphone novo a partir de um smartphone velho.
Reciclar bens eletrônicos é um desperdício de energia.
Reciclar é melhor do que jogar fora. Mas não é a solução — e não é tão "verde" quanto os fabricantes de produtos eletrônicos querem que você acredite.
Quando você compra um smartphone ou tablet, ele vem com algo que você não pode nem ver nem sentir: energia embutida.
São necessárias (literalmente) toneladas de matérias-primas, centenas de horas-homem e enormes quantidades de energia para fabricar os bens eletrônicos que a maioria de nós usa. 85% do impacto nas emissões de um smartphone vem da produção. As emissões de gases de efeito estufa provenientes de dispositivos eletrônicos e o lixo eletrônico aumentaram 53% entre 2014 e 2020 - e continuam crescendo.
Quanta energia é gasta na fabricação de um computador? Mais ou menos o equivalente à queima de %3165 kg de carvão.
Nossos aparelhos eletrônicos podem ser inteligentes, mas também são sujos.
Aqui vai a lista de ingredientes que seus aparelhos contêm, mesmo antes de comprados:
Uma indústria de microchips
engole milhões de galões de água por dia.
Um computador desktop
usa até 30 vezes o seu peso em combustíveis fósseis.
Um notebook
emite durante a fabricação mais de 320 quilos de dióxido de carbono.
A reciclagem não fecha a conta.
Os eletrônicos de consumo são incrivelmente complexos. O smartphone médio possui mais de 300 componentes, e a maioria deles é um coquetel de compostos.
Um smartphone típico é composto em cerca de 50% por metais, muitos deles presentes na forma de ligas.
Alguns metais, como terras-raras críticas, são muito difíceis ou muito caros para serem separados para a reciclagem. Apenas um pequeno punhado de metais pode ser recuperado através da fundição.
O que tem no seu celular?
Dos mais de 30 metais em seu celular, metade desses metais possui taxas de reciclagem funcional abaixo de 50%— o que significa que as propriedades que faziam o metal primeiramente interessante não podem ser mantidas e o metal não pode ser reutilizado.
É possível melhorar...
A melhor forma que temos de reduzir o impacto ambiental de nossos bens eletrônicos é conservá-los o máximo tempo possível.
O reparo é a linha de frente na defesa contra o desperdício. Ele prolonga a vida útil de aparelhos eletrônicos: os usuários podem substituir componentes quebrados, instalar uma bateria melhor ou aumentar o RAM sempre que quiserem. Isso significa um menor volume de aparelhos nos aterros e no triturador de reciclagem.
Melhor ainda, quando se repara aparelhos, eles conservam toda a energia e todas as matérias-primas consumidas na fabricação. Nada é desperdiçado. Nada se perde.
Reparar é melhor que reciclar.
E não somos os únicos que pensam assim. Os principais laboratórios de ideias, como a Fundação Ellen MacArthur, dizem que a melhor maneira de apoiar a economia e o meio ambiente é através de uma economia circular, onde os recursos são concebidos para um reúso generalizado.
Reduza, reuse, conserte e, então, recicle.
É melhor para o planeta, para o bolso e para a balança econômica.
Saiba mais
As normas ecológicas precisam passar por um reparo - como fabricantes estão combatendo iniciativas ambientais.
Reúso versus reciclagem de celulares (dica: o reúso é melhor).
A pegada monstruosa da tecnologia digital.
As recicladoras da Califórnia dizem que a aprovação do Direito ao Reparo é um divisor de águas.
Tome uma atitude
Se você não for usar mais o seu dispositivo, passe ele para um membro da família ou amigo que precise dele.
Em vez de reciclar, venda seus aparelhos pelo Craigslist ou Swappa. Ou venda seu telefone usado para a galera, no Backmarket.
Incentive sua empresa a doar equipamentos velhos a escolas e programas de reutilização. Conceda a eles uma segunda vida.