Reciclar não é a resposta, e sim o último recurso
Milhões de aparelhos atingem o fim de suas vidas a cada ano. Reciclá-los não é tão eficaz quanto você imagina.
20% de perda
Perde-se entre 20% e 35% do material de um smartphone quando ele é triturado e derretido para reciclagem.
17 terras-raras
Terras-raras críticas estão presentes em todos os seus dispositivos eletrônicos. 99% delas não podem ser recuperadas por meio de reciclagem.
1.150 lâmpadas
Seu smartphone consome durante a fabricação energia suficiente para alimentar 1.150 lâmpadas de 60 watts por uma hora — perde-se essa energia ao triturá-lo.
0 smartphones
Esse é o número de smartphones fabricados com materiais 100% reciclados. Não é possível fabricar um smartphone novo a partir de um smartphone velho.
Reciclar bens eletrônicos é um desperdício de energia.
Reciclar é melhor do que jogar fora. Mas não é a solução — e não é tão "verde" quanto os fabricantes de produtos eletrônicos querem que você acredite.
Quando você compra um smartphone ou tablet, ele vem com algo que você não pode nem ver nem sentir: energia embutida.
São necessárias (literalmente) toneladas de matérias-primas, centenas de horas-homem e enormes quantidades de energia para fabricar os bens eletrônicos que a maioria de nós usa. 85% do impacto nas emissões de um smartphone vem da produção. Os smartphones e os data centers são prejudiciais ao meio ambiente e serão responsáveis pela maior parte da pegada de carbono na indústria de tecnologia em 2040.
Quanta energia é consumida para se fazer um computador? Quase o suficiente para fazer aquela geladeira enorme que está na sua cozinha.
Nossos aparelhos eletrônicos podem ser inteligentes, mas também são sujos.
Aqui vai a lista de ingredientes que seus aparelhos contêm, mesmo antes de comprados:
Um microchip
pesando menos de 40 gramas ingere mais de 30 litros de água doce.
Um computador desktop
usa até 30 vezes o seu peso em combustíveis fósseis.
Um notebook
emite mais de 225 quilos de dióxido de carbono durante a fabricação.
A reciclagem não fecha a conta.
Bens eletrônicos de consumo constam entre os produtos mais intrincados que podemos fabricar. O celular médio é composto de pelo menos 500 componentes— na sua maioria, um intrincado coquetel composto de diversas matérias-primas.
Um smartphone típico é composto em cerca de 50% por metais, muitos deles presentes na forma de ligas.
Alguns metais, como terras-raras críticas, são muito difíceis ou muito caros para serem separados para a reciclagem. Apenas um pequeno punhado de metais pode ser recuperado através da fundição.
O que tem no seu celular?
Dos mais de 30 metais em seu celular, metade desses metais possui taxas de reciclagem funcional abaixo de 50%— o que significa que as propriedades que faziam o metal primeiramente interessante não podem ser mantidas e o metal não pode ser reutilizado.
É possível melhorar...
A melhor forma que temos de reduzir o impacto ambiental de nossos bens eletrônicos é conservá-los o máximo tempo possível.
O reparo é a linha de frente na defesa contra o desperdício. Ele prolonga a vida útil de aparelhos eletrônicos: os usuários podem substituir componentes quebrados, instalar uma bateria melhor ou aumentar o RAM sempre que quiserem. Isso significa um menor volume de aparelhos nos aterros e no triturador de reciclagem.
Melhor ainda, quando se repara aparelhos, eles conservam toda a energia e todas as matérias-primas consumidas na fabricação. Nada é desperdiçado. Nada se perde.
Reparar é melhor que reciclar.
E não somos os únicos que pensam assim. Os principais laboratórios de ideias, como a Fundação Ellen MacArthur, dizem que a melhor maneira de apoiar a economia e o meio ambiente é através de uma economia circular, onde os recursos são concebidos para um reúso generalizado.
Reduza, reuse, conserte e, então, recicle.
É melhor para o planeta, para o bolso e para a balança econômica.
Saiba mais
As normas ecológicas precisam dos reparos — Como os fabricantes estão combatendo as iniciativas ambientais.
Reúso versus reciclagem de celulares (dica: o reúso é melhor).
A pegada monstruosa da tecnologia digital.
Por que o Direito ao Reparo é necessário para o futuro da reciclagem.
Tome uma atitude
Se você não for usar mais o seu dispositivo, passe ele para um membro da família ou amigo que precise dele.
Em vez de reciclar, venda seus aparelhos pelo Craigslist ou Swappa. Ou venda seu telefone usado para a galera, no Backmarket.
Incentive sua empresa a doar equipamentos velhos a escolas e programas de reutilização. Conceda a eles uma segunda vida.